sexta-feira, 4 de julho de 2008

Recentemente encarei o facto de ter certas falhas, verdadeiras lacunas na minha memória, num ano em concreto... já não falo obviamente da época de criança, em que muitas coisas nos marcam como um ferro quente e outras desaparecem como se fossem uma pena ao vento. Falo sim, de anos que pertencem à nossa vida recente, que se tornam apenas memórias, boas e más, mas exclusivas ou mesmo restrictas.

Infelizmente, lembro-me do que me marcou a ferro quente, como dizia anteriormente, mas muito do que acompanhou tudo isso, desvanesceu-se no tempo... gostava de perceber como e porquê, porque há coisas, que mesmo que não queiramos, guardamos a toda a força na nossa mente, no nosso coração e na nossa alma, enquanto outras, que poderiam contudo, fazer-nos relembrar o porque de muitos dos nossos actos e escolhas actuais, se dispersam ao ponto de não se conseguirem inserir no nosso vislumbre do passado.

Sou talvez das pessoas que mais vivem o passado, ou o recordam... ou direi agora, que era dessas pessoas? Seja como fôr, incomoda-me o facto de parte da minha existência estar esquecida, perdida nalgum recanto da mente que não é sequer reposta no seu lugar... chego à conclusão, que passado ou não, já não é o que me regula, o que me move, constrói e destrói... gostava contudo de manter recordações, de poder estar a ter uma conversa de café e conseguir dizer: "Sim, eu lembro-me disso...foi quando....etc, etc...", porque no fundo, foi isso que fez de mim o que sou hoje, o passado bom ou mau que tive, o que construí e me construíu...

As memórias pregam-me partidas... cedo... tarde... não sei, mas flutuo ao sabor do vento, coisa que o passado jamais me permitiu fazer...

4 de Julho de 2008
Papillio

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